25.08.2014

Dias Digitais e Dias Analógicos

Trago para o lançamento do Viva o Mundo Digital uma série de posts comparando os dias digitais de hoje com os dias analógicos de pouco tempo atrás.

O tema desta primeira publicação é ACESSO À INFORMAÇÃO.

Eu costumava ir todo domingo logo cedo à banca comprar jornal para os meus pais. Eu era criança, depois adolescente, depois quase adulto. Tenho 33 anos, portanto não faz tanto tempo assim. Meus pais, como todo mundo naqueles tempos, dependiam da TV, do Rádio, do Jornal e de outros impressos para saber o que se passava no mundo. Claro, o boca a boca sempre existiu, e o fabuloso invento de Graham Bell já era mais do que consolidado. Porém, mesmo que por vezes a informação chegasse às gentes através de gente próxima, dependíamos única e exclusivamente dos grandes veículos de comunicação para a incrível metamorfose de boatos em notícias críveis. Lembram disso?

E por que as coisas funcionavam daquela maneira? Muito simples: as características dos meios de comunicação então disponíveis davam os limites do processo. De um lado, a TV e o Rádio com dificuldades de tempo e massificação de conteúdos, através de programações que deveriam ser genéricas e superficiais o suficiente para serem palatáveis a gregos e troianos. Do outro lado, Jornais e Revistas, com possibilidades outras para aprofundamentos, porém sem o devido dinamismo por conta da logística daqueles dias. No meio de tudo isso ficava a população, que além de viver à base de notícias velhas ou pela metade, era refém das opiniões dos mesmos veículos e jornalistas de sempre.

O acesso à informação era ínfimo se comparado ao que conhecemos hoje. Caso a pessoa estivesse longe de uma biblioteca, livro só pagando, e claro, desde que estivesse à disposição em alguma livraria, sebo ou editora. Revistas e Jornais importados eram artigos de luxo, um requinte apenas comparável à demora destes periódicos para chegar em solo tupiniquim. Resenhas ou opiniões, nem pensar. A opinião escrita dos mortais comuns, independentes dos meios tradicionais de comunicação, era material restrito a acadêmicos e intelectuais.

Portanto, a meu ver, quem sai vitorioso deste primeiro post é o Mundo Digital. Agora podemos comprar Jornal por opção nossa. Podemos encontrar o conteúdo que desejarmos, comentado por quem nem imaginamos, no conforto de nossas casas, escritórios e onde mais for. Podemos baixar obras clássicas legal e gratuitamente para o nosso deleite. Podemos ver filmes, ouvir reportagens e ter acessos às mais variadas formas de cultura. Poderia escrever aqui páginas sobre as maravilhas do acesso à informação na era digital, mas com certeza cada leitor deste blog sente na própria pele as ótimas consequências deste fenômeno da comunicação.

O ser humano tem sido muito hábil em fazer o melhor uso possível dos meios de comunicação disponíveis. Isso ocorre porque somos comunicadores natos. Nossa capacidade de comunicação é um dos principais, senão O principal, diferencial que temos em relação ao restante do reino animal. Considerando as características dos meios de comunicação dantes disponíveis, fizemos milagres. E agora que os meios de comunicação praticamente não têm limites, onde vamos parar?