18.03.2014

Como um líquido que voa

O sociólogo Zygmunt Bauman trata do mundo como vivemos através de uma geração de amor líquido, onde há uma intensa frouxidão nas relações sociais pela tendência das pessoas se relacionarem mais por meio de aparelhos eletrônicos do que pessoalmente. Fazendo com que as relações apenas passem, como um líquido que vai, por nós. 

Namoro online, amigos pelo Facebook, distância física, fragilidade de relações. Será que o indivíduo está se tornando cada vez mais solitário, pois vive fisicamente sozinho, apenas com suas máquinas?

 Chegaremos em um momento onde não será mais necessária a presença física de alguém para ter uma vida a dois, por exemplo?

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No filme Her, de Spike Jonze, lançado recentemente no Brasil, o personagem principal interpretado por Joaquin Phoenix compra um novo sistema OS para o seu computador, que tem voz feminina, fala, pensa e sente. Em pouco tempo o solitário escritor desenvolve uma relação de amor com o seu OS, que foi projetado justamente para atender todas as suas necessidades.

O ator começa a namorar com o seu computador. E os colegas não acham tão estranho assim, afinal diversas outras pessoas na rua têm a mesma relação com seus sistemas operacionais. Não tão diferente do que temos hoje, onde andando por aí se observa apenas cabeças baixas concentradas em seus aparelhos.

Nesse mundo onde cada um anda por si só…

Um sistema que resolve os seus problemas, te escuta e ainda te dá carinho não poderia fazer menos sucesso. Ainda mais quando você pode levá-lo para passear no seu bolso! 

dest

 

Ainda não estamos nesse tempo – mas diria que não estamos tão longe assim -entretanto já se nota que o olho no olho não é mais tão importante para algumas pessoas. Um ok pelo WhatsApp já é válido. A possibilidade de discutir, namorar e conversar sem sair debaixo das cobertas faz do humano um ser ainda mais cômodo. 

love

 

Não quero parecer ser contra a tecnologia, não é isso.

Ela é ótima e facilita em diversas áreas da nossa vida. Entretanto, é preciso que quem a use tenha sim mais precaução. No filme, o personagem percebe em certo momento que a presença é necessária e que essa comunicação eletrônica é insuficiente. Mais do que isso, mostra que na verdade são os homens que precisam voltar a sentir. O poeta já dizia “Que seja eterno enquanto dure”, mas que dure mais e seja verdadeiro!