03.03.2013

A era pós celular

O lado bacana de trabalhar com um cliente de tecnologia é discutir o futuro. Mesmo que seja um planejamento a curto prazo, uma visão romântica ou uma elucubração maluca num brainstorm, exercitar futurologia é sempre divertido. Como será o mundo amanhã?

Estamos na tal da “era pós PC”, onde a definição de computador ganhou contornos borrados, sem muitas barreiras entre o antigo desktop e a sua geladeira. O que vem por ai?

Hoje tudo esta ligado na rede elétrica, logo tudo vai estar ligado na rede mundial de computadores. Da geladeira, às paredes do prédio, ao sinal de transito, ao relógio no pulso. Tudo. E com isso uma serie de anglicanismos bizarros que vamos adotar no dia a dia. Human 2.0 na minha opinião é um dos melhores, e se refere ao fato de que estamos delegando tarefas para alguma entidade superior. O Google Goggles ou a Nike Fuel Band, por exemplo. São ferramentas que processam uma série de dados sobre o seu dia e transformam em códigos palatáveis para o nosso cérebro preguiçoso digerir, sugerindo melhorias para nossa vida marromeno. Daí esse termo horroroso Human 2.0.

Mas na minha opinião nenhuma dessas palavrinhas novas ganha da ridiculosidade de phablet. Se vc ainda não ouviu, vai se acostumando. Significa phone+tablet e até agora, foi a melhor definição que encontraram para esses aparelhos com uma tela desproporcionalmente grande para um telefone, mas desconfortáveis para um uso mais longo, como escrever esse post, por exemplo. Eu não teria problema em escrever num tablet, mas não seria nenhum um pouco prático num smartphone. Por outro lado, numa tela um pouco maior, é quase viável, dá pra quebrar um bom galho. Praticamente todos os grande fabricantes tem ou terão uma família com 3 tamanhos de telas: pequena, média e grande – phone, tablet e o irmão do meio.

E aí entra o exercício prático de futurologia. Aqui na Inglaterra as vendas de aparelhos de celular diminuiram em 2012. O faturamento das telecoms já é maior com transmissão de dados do que de voz. Estamos optando por outras formas de interação, mesmo que com áudio ou vídeo, mas não necessariamente via fone.

O telefone de casa e do escritório já foi um puta intromissor, o celular no bolso da calça pior ainda, tocava e você tinha que atender. Hoje quase todos aparelhos vem com modos “não perturbe” ou possuem alguma ferramenta para limitar o recebimento de ligações. Estamos ficando avessos ao toque do telefone sem hora marcada.

E nessa tarefa de sacrificar a telefonia, os phablets são excepcionais. Perguntei para um desses earlier adopters que trabalha comigo, porque ele havia comprado um desses gigantes, e se ele não se sentia meio ridículo usando um paralelepípedo pendurando da orelha, a resposta foi contundente: “você nunca vai me ver usando esse aparelho como um telefone.”

O hábito de telefonar para alguém veio mudando e se adaptando, desde a invenção de Graham Bell. Será que vai ser tão esquecido quanto escrever uma carta, mandar um telegrama ou passar um fax?