09.03.2015

Desgoverno Digital Parte 1 – Táxis em Curitiba

O crescente poder do indivíduo no Mundo Digital tem sido assunto recorrente nos artigos deste blog. Hoje uma única voz pode ser escutada por milhares ou até mesmo milhões de pessoas. A comunidade online troca informações sobre os mais diversos temas graças à web. Também, tem acesso a serviços tecnológicos que facilitam as suas vidas. Porém, nem tudo são rosas – algumas das mais interessantes iniciativas digitais têm sido minadas por grupos específicos que sentem-se lesados pelas novas tecnologias. Neste artigo vou abordar o caso das cooperativas de rádio táxi de Curitiba, que ferozmente lutam contra o avanço dos apps de táxi.

Aplicativos de Táxi em Curitiba

Não é de hoje que as cooperativas de Curitiba tentam impedir o uso dos aplicativos de táxis na cidade. Atrasadas, tentam agora correr contra o avanço tecnológico. Nunca se preocuparam em caprichar no atendimento de seus clientes – quem pede (ou pedia) táxi pelo telefone geralmente era atendido com certo descaso, reflexo do atraso tecnológico da maioria das cooperativas, assim como da falta de alternativas para quem precisava de uma corrida – Quanto tempo deve levar para o meu táxi chegar? É imprevisível senhor. A procura está muito grande, ainda mais que hoje é dia de chuva.

Quando os aplicativos Taxijá, 99Taxis, Easytaxi e outros chegaram, o mercado se movimentou. O público ficou feliz da vida, pois passou a ser melhor atendido, teve oportunidade de pontuar o taxista pelo seu trabalho, passou a ser atendido muito mais rápido e também a acompanhar o deslocamento do táxi solicitado. Os taxistas também aprovaram. Passaram a pagar menos às cooperativas, sendo que alguns passaram a faturar até 25% a mais por mês. E, por fim, a natureza agradece pelos deslocamentos cada vez mais inteligentes pelas ruas, com cada vez menos táxis buscando passageiros a esmo pela cidade.

Apesar dos óbvios benefícios destes aplicativos, já utilizados na maioria das grandes cidades do mundo ocidental, as cooperativas de rádio táxi de Curitiba se mobilizaram para questionar a legalidade do seu uso. Conseguiram então o apoio da URBS, que num desserviço ao público, acabou por multar seis taxistas em janeiro de 2014 por uso de aplicativo irregular. Leia e escute no site da Band News FM Curitiba notícias da época, com estratégias da URBS para “pegar” os citados seis taxistas. Desde aquela época as pressões das cooperativas em nome da abolição dos apps continuaram. E culminaram com uma novidade na semana passada: a prefeitura inaugurou um centro que permite o monitoramento da frota de táxis em tempo real. Claro, existem também boas razões para esta inauguração, conforme matéria no de 06/03/2015 no site da Prefeitura de Curitiba. Porém, o sentimento de taxistas e passageiros é de que este é, principalmente, um passo para aos poucos tirar os aplicativos de operação na cidade.

Conjecturas à parte, a simples movimentação neste sentido deveria ser repudiada pela PMC. Se população, prestadores de serviço, natureza e trânsito agradecem, a Prefeitura e sua URBS deveriam apoiar o uso dos aplicativos. Porém, na contramão da lógica, vemos uma busca por instrumentos que perpetuem o arcaico e caríssimo serviço das cooperativas de cidade. O argumento da URBS é de que agora farão um controle absoluto das operações de táxi na cidade, com precisão e segurança para a comunidade. Mesmo que a intenção seja boa, não parece factível que sejam capazes de realizar tal feito. O próprio aplicativo por eles disponibilizado justifica os temores. Clique aqui e conheça a ferramenta da URBS.

Próxima postagem da série Desgoverno Digital: as operadoras de telefonia versus WhatsApp.

 

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