11.09.2014

Humanidade e Cidadania

Acabei de presenciar uma triste cena no centro de Curitiba, na Praça Osório. O representante de um estabelecimento berrava com uma mendiga, uma senhora já bem velha. Este “comerciante” mandava ela embora, ela gritava, se jogava no chão…um ciclista parou para acalmar os ânimos. A nobre atitude do ciclista foi presenteada com berros e um belo empurrão do primeiro, que aparentava ser funcionário ou dono do local. Os demais comerciantes da região apoiavam o “comerciante”, enquanto o público em geral parecia atônito com a cena – uma velha e sofrida mendiga sendo tão esculachada e chamada de vagabunda.

Fiquei tocado pela situação. Porém, não consigo tomar posição. Trabalho no centro de Curitiba e vejo diariamente a decadência das ruas, habitadas por mendigos e desocupados que sem qualquer pudor invadem a vida dos demais que circulam pela região. Pedem dinheiro, pedem comida, cobram antecipado para “autorizarem” o estacionamento em determinadas quadras. Alguns se drogam e fazem pequenos furtos. Outros barbarizam com mais ênfase. Atrapalham o comércio e trazem severos prejuízos aos comerciantes, que por vezes fecham mais cedo suas lojas, por vezes contratam seguranças, por vezes desistem de empreender.

Imagino quantos problemas o “comerciante” em questão já teve com moradores de rua e afins para ter uma atitude tão explosiva quanto a de hoje. Por outro lado, não consigo conceber como algo normal uma senhora daquela idade ser humilhada por um homem jovem, saudável e truculento.

Chegando ao final desta breve reflexão, chego também a uma conclusão – o culpado é o Estado. As pessoas estão vivendo uma situação de insegurança, a qual gera estresse. E, infelizmente, como não percebem cidadania a seu favor, às vezes reagem também sem consciência cidadã e humana. A sociedade existe para proteger a humanidade dos seus próprios deslizes…mas como agir quando ela nos deixa frente a frente com uma agenda de violência e descontrole digna de épocas medievais?

Gostaria de uma fórmula para resgate da humanidade e cidadania que todos merecemos.