Ladrões do Tempo
02.11.2014

Ladrões do tempo no Mundo Digital

Os avanços tecnológicos trazem melhores condições a todos nós. A expectativa de vida cresce a cada ano. Novos tratamentos surgem para o enfrentamento das mais diversas doenças. Carros e aviões quebram recordes de velocidade, acessibilidade e conforto. E a comunicação digital aproxima pessoas através de imagem e som a baixíssimo custo. Todo mundo está conectado. Parece maravilhoso, não?

Mas realmente queremos estar o tempo todo conectados? Queremos interromper nossos jantares de aniversário para responder à última piadinha do grupo do WhatsApp?

Não temos tido forças para conter os vícios do Mundo Digital. Analise os pontos a seguir e reflita sobre a sua relação com as mais atuais ferramentas de comunicação:

1-       Você estabelece horários para o uso da internet durante o seu expediente de trabalho? Quanto tempo por dia você dedica a tal atividade?

2-       Quantas mensagens de WhatsApp você recebe por dia? Você responde a todas? Quanto tempo do seu horário de trabalho isso toma? E quanto tempo do seu período de lazer e descanso este aplicativo rouba? Isso vale a pena? O engrandece enquanto ser humano, profissional ou familiar?

3-       Pessoas à sua volta já reclamaram do uso exagerado do celular?

4-       Mesmo com coisas atrasadas, você insiste em vasculhar perfis de amigos, conhecidos e desconhecidos no Facebook, Instagram e outras redes?

5-       Você sente um impulso incontrolável de informar todos os seus passos pelas redes sociais? E de saber os passos dos demais?

6-       Você fica, mesmo nos momentos mais especiais de sua vida, preocupado com cobranças profissionais que possam chegar no seu email, sms e afins?

Para aqueles que se percebem sufocados por qualquer dos seis itens citados, fica o alerta – a tecnologia está agindo contra a sua qualidade de vida. E não é para isso que ela serve.

Descontrole em sala de aula

O que chamo de Fenômeno do Emburrecimento Tecnológico é também perceptível em sala de aula. E de forma ainda mais lamentável. Em vez de interagir com professores e colegas sobre os temas de aula, grande parte dos alunos joga o seu tempo fora trocando mensagens com outros alunos – daquela sala ou de outras – em igual situação de vício. Faz algum tempo que enfrento tal situação com o seguinte discurso: não respondo questionamentos de alunos que lidam com o celular durante a aula. Não esclareço dúvidas de provas, não tiro dúvidas da matéria do dia ou de dias anteriores. Não me reúno, não atendo telefonemas e não respondo e-mails de alunos viciados em seus celulares.

Sei que esta atitude parece antipática. Porém os resultados têm mostrado o contrário! Como em outros vícios, o indivíduo parece não ter força suficiente para resolver seu problema sem um apoiador externo. E é aí que a regra em sala de aula melhora as coisas. Hoje, diversos alunos me agradecem pelo programa anti-celular. Os índices de reprovação baixaram, o engajamento dos alunos aumentou e todo o trabalho em sala de aula atingiu parâmetros positivos.

Fica a dica: enfrente os vícios do Mundo Digital. Sejam eles seus ou daqueles à sua volta. Minha sugestão é comparar a qualidade de momentos específicos da sua vida com e sem a interferência do telefone celular – um bem que temos usado mais para nosso próprio mal.

Como disse Napoleão Bonaparte,

“Cada hora de tempo perdido na mocidade é uma possibilidade a menos nos sucessos do futuro.”